Nunca Se Esqueça – Capítulo 2

Oi, Colibris!

Hoje é dia de mais um texto da nossa campanha Nunca Se Esqueça. Falamos com Ana Clara Freitas, uma de nossas amigas da marca, que inclusive já desfilou conosco no lançamento da coleção Frutos.

Ana é mãe de Helô, uma criança muito bonita, gentil e divertida, e aceitou nos contar um pouco sobre o antes e depois de sua maternidade.

Apesar de não desejar conscientemente ser mãe, esse momento chegou para ela enquanto era ainda mais jovem e mesmo com o medo de fracassar ao gerar e a consciência das violências sociais, físicas e mentais sofridas na maternidade, a gestação veio como havia sonhado em algum momento de sua infância. Hoje existe no lugar do medo a compreensão de que fracasso e maternidade não estão ligados e sim o desamparo cultural que fez da maternidade o corpo sofrido que é hoje em diversas áreas da vida de uma mulher que gera, tirando o símbolo de força, renascimento e amor desse processo.

Antes da gestação Ana Clara não se considerava vaidosa, tinha um estilo mais despojado, urbano e grunge, o que acabou por mudar com a chegada de Helô, tornando seu estilo mais romântico, comfy e minimalista que as vezes se mistura com as antigas referências, mas ainda assim uma mudança bem significativa ocorreu. Nesse Âmbito ela também não tinha rotinas consigo mesma e nem imaginava que algum dia fosse implementar tal coisa em sua vida.

Veio então uma gestação muito tranquila, em que mesmo relutante a aceitação de seu processo chegou e Clara pode se achar muito bonita durante a gravidez. As inseguranças vieram mesmo após o nascimento de sua filha, que foram para além da esfera estética, chegando à insegurança financeira, pois é muito fácil se sentir sem sucesso quando se é mãe, a sociedade te faz ter esse sentimento, anulando que maternar também é um trabalho e que sem amparo e apoio a mãe se sente inválida, incapaz de realizar seus sonhos em algum momento da sua vida. É como se o fracasso já estivesse presente e assim fosse fadada a maternar. Um cenário cultural que impossibilita ver outros caminhos e aproveitar o progresso com seu filho e ter suporte para viver sua própria história.

Apesar de ter se sentido bonita durante, nos primeiros 1 ano e meio de sua filha, Ana se sentiu muito incomodada com sua aparência pois o corpo ainda não havia cicatrizado plenamente e a aparência dos seus seios foi o principal incômodo, já que sempre tivera pouco busto e após a maternidade houve um enorme aumento com a produção de leite tornando essa diferença desproporcional para ela. Mas procurou se cuidar para se sentir melhor, sabendo que carregará algumas marcas desse momento para sempre como as estrias, seios caídos e quadris largos, conseguiu voltar ao seu manequim de antes e afirma que não gosta da frase: “nem parece que tem filho” pois reforça que as mudanças ocorridas durante a gravidez são ruins ou que deveriam ser escondidas.

Para Ana Clara o que mais mudou após a maternidade foi o tempo, que antes passava lento, boêmio e melancólico hoje passa depressa, cansativo e caótico. A sua percepção temporal mudou e falta tempo para dar conta de todos os afazeres dentro e fora da realidade.

Assim como o tempo, as suas percepções sobre seus sonhos também mudaram, juntamente com o caminho a seguir e os seus desejos para a vida. As comparações sobre seu antes e depois são constantes para observar toda a mudança ocorrida em tão pouco tempo e a si mesma que continua em procedimento de auto conhecimento. Segundo ela a mãe não para de ter dúvidas e se descobrir só porque tornou-se mãe, ela aprende diariamente e continuamente com excesso de informações.

Por fim Clara nos deixa um breve conselho:

“Paciência e quando puder chore muito porque dói mesmo. É um processo doloroso, solitário, mas o único que é seu! E acho que o único válido. A gente passa a vida procurando se encontrar no amor, nas viagens, nas festas, nas compras… a gente procura realizações materiais e profissionais o tempo inteiro numa busca incessante de felicidade mesmo sabendo que é um sentimento que ocorre em momentos específicos. E não que ser mãe é a única coisa que complete uma mulher, ou o filho o ser humano, mas é o único processo que é feito do momento presente e é lindo por ser. A alegria floresce em dias cinzas de forma inesperada, a vida fica em constante movimento e tudo que você dá de si mesmo não é em vão. Nenhum segundo se quer é desperdiçado, então mesmo que as dores maternais e as dúvidas humanas te rasguem o peito, saiba que não há nada na terra tão extraordinário quanto o gerar e cuidar, é um verdadeiro ato de amor precioso e preciso, é o legado da sua história e de quem você foi. É ser lembrança eterna!”

2 thoughts on “Nunca Se Esqueça – Capítulo 2

  • Clara freitas 3 de maio de 2022 at 18:17

    Achei incrível ser entrevistada e falar sobre a minha perspectiva enquanto mãe. O convite me fez refletir sobre todo esse processo que hoje já é tão natural e cotidiano, mas nunca deixará de ser belo e inesquecível.
    Pude então, reafirmar minhas memórias com novas emoções bonitas e inspiradoras 🥰

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  • Sthefane Bittencourt 3 de maio de 2022 at 23:29

    Eu amei ouvir sobre essa mulher ❤

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